Por Ana Lucia Gondim Bastos
Dirigido por Tom Hooper, o filme “A Garota Dinamarquesa”(2015) foi, sem dúvida, mais uma oportunidade de ouro para Eddie Redmayne mostrar sua versatilidade e talento. Ele, que levou o último oscar de melhor ator, por sua interpretação do físico Stephen Hawking, em “A Teoria de Tudo” (2014), dessa vez é Lili Elbe, uma transexual pioneira na decisão de se submeter à cirurgia genital. O roteiro gira em torno da vida do casal de pintores Einar e Gerda Wegener (papel de Alicia Vikander), no momento em que Lili começa a tomar corpo, e a se fazer presente de forma contundente, na identidade de Einar. Inicialmente, é posando, para a esposa, vestido de mulher que Einar vai se reconhecendo como Lili e permitindo resgatar sua origem nas memórias da infância, na pequena e conservadora Vejle, cenário de muitas de suas famosas pinturas.
Foi a confiança em Gerda e a sensibilidade dela em captar Lili em Einar (inclusive, quadros belíssimos nascem daí), que fizeram com que Einar pudesse dar vez e voz à Lili que há tanto tempo era abafada dentro dele. É por isso que a beleza do filme não reside, apenas, na trajetória de Einar/Lili – trajetória de busca e construção de espaço para ser quem se pode/quer ser. O que mais comove, na minha opinião, é aquele amor, linha que costura toda a trama, que liberta e não aprisiona, que acolhe a dúvida, a surpresa e a percepção do outro como outro. Outro com desejos, necessidades e interesses muito próprios, assim como com potência para fazer escolhas acerca de que riscos pode/quer correr na vida e para fazer apostas, a partir disso.
Até então, eu não conhecia essa história e, de modo algum, tenho como avaliar como foram utilizados os dados históricos, mas, que Einar/Lili e Gerda, de Hooper, são figuras inspiradoras, isso elas são!
Brilhante interpretação do comovedor filme.
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