Por Ana Lucia Gondim Bastos
Comer com os olhos e com receios mil. Receio de engordar, de se intoxicar ou de se viciar e perder a linha? Por que vivemos famintos num mundo de excessos e de ofertas sempre muito sedutoras? É o que nos faz perguntar o premiado curta-metragem “Os Famintos” , com Biá Napolitani (que também assina o roteiro) e Diego Becker, dirigido por Ana Claudia Bastos (2008
). No filme, as palavras não saem tanto quanto a comida não entra. O filme mudo trata de (in) satisfações e (im) possibilidades de se relacionar com o mundo e com o que ele pode nos oferecer seja para nos nutrir, seja como fonte de prazer. A atmosfera do filme nos remete a outrora, por um lado, e o conteúdo, por outro, ao nosso universo de relações e satisfações virtuais, cuja sensação de controle é maior que qualquer outra e onde o prazer parece ali residir, principalmente. O filme dura poucos minutos, mas, os questionamentos que suscita, talvez a vida inteira.