Teatro – A Tempestade de Shakespeare

Por Ana Lucia Gondim Bastos

Na porta do teatro uma frase do autor: “Enquanto houver um louco, um poeta e um amante haverá sonho, amor e fantasia. E enquanto houver sonho, amor e fantasia, haverá esperança”. No programa as palavras de Jan Kott: ”(…) A ilha é o mundo, o mundo um teatro, nele todos são atores. Próspero é apenas o diretor do espetáculo, breve e frágil como a vida”. No teatro de arena, a ilha, o sonho e a fantasia, com o público formando o mar.

E, então, começa o espetáculo e a gente descobre que aqueles atores todos, com figurino encantador e se fazendo valer de recursos cênicos surpreendentes, são músicos incríveis! O texto shakespereano costurado por uma trilha sonora bem brasileira ,que vai de Villa Lobos a canções do nosso folclore passando por Dorival Caymmi, aproxima ainda mais aquela ilha dos lugares por onde passamos.

A profusão de personagens que vai enredando a trama orquestrada pelos poderes mágicos de Próspero, aos poucos, nos apresenta a história do protagonista que perde o ducado de Milão em virtude da traição do irmão que, em conluio com o rei de Nápoles, o abandona em alto mar com a filha, Miranda. Já na ilha, onde chega com poucos objetos e alguns livros, Próspero controla espíritos e seres mágicos, com os quais vai contar para colocar seu plano de vingança em ação. O último texto de Shakespeare termina com um livro de magia em baixo das águas do mar e uma varinha enterrada na ilha, sua pena da caneta tinteiro? Enterrada em que ilha? Dos diversos teatros de arena ou na ilha de cada louco, poeta ou amante? Ilha de cada um de nós? Sim, impossível não sair dessa peça sem se perceber louco, poeta, amante… e um pouco músico, também. Responsáveis por manter a chama da esperança acesa e, com ela, a capacidade de contar e recontar histórias. Vale conferir essa bela montagem, dirigida por Gabriel Villela, com Celso Frateschi como Próspero, no Tuca Arena.

5DIII © Joao Caldas Fº
5DIII © Joao Caldas Fº

Deixe um comentário