Por Ana Lucia Gondim Bastos
(Para Fatima Klautau, que entende como ninguém sobre o tema)
Todos os nossos laços familiares se dão via adoção. Independente das relações consanguíneas, só somos filhos de quem um dia, pôde assumir o papel de nossos pais ou mães, com a convicção (mesmo que não tão estável ou sempre constante) de que dariam conta daquele ser (no caso, cada um de nós) que chegava em suas vidas. E assim começa a tessitura de relações que nos vai dar suporte para lidar com “as barras da vida” e com o desamparo constituinte da condição humana. Vale ressaltar, ainda, que não somos adotados só por nossos pais e/ou mães, não. Somos adotados por nossos irmãos, tios, primos, avós. Também os adotamos e os empoderamos no papel a eles atribuídos em nossas vidas. É por isso que tem família de todo jeito e configuração: Cada novo integrante que uma família recebe, tenha ele a idade que for ou entre no papel que for, exige de todos (e de cada um dos que lá já estão) um trabalho de incorporação daquele novo membro e de construção do novo papel social que ele coloca a cada um: é assim que se dá o nascimento de pais, avós, tios, cunhados, sogros, primos, filhos e irmãos.
No primeiro filme da diretora Mélanie Laurent (atriz que trabalhou com Tarantino em “Bastardos Inglórios”, fazendo o papel da judia que tem a família dizimada logo no início do filme), o tema das adoções múltiplas é tratado com delicadeza e profundidade. “Les Adoptés” (2011), é uma produção francesa, que traz no roteiro, da própria diretora, a história de uma família composta, inicialmente, por três mulheres e um menino. Lisa e Marine são irmãs, companheiras e amigas. Criam juntas o filho de Lisa e contam com a presença constante da mãe delas. Uma família alegre, continente e divertida, com relações sustentadas por muito amor e cumplicidade. Marine fora adotada pela mãe de Lisa, e pela própria Lisa, aos 10 anos e, desde então, passaram a estabelecer forte vínculo familiar. Quando Marine se apaixona por Alex e passa a ter, com ele, um intenso relacionamento , Lisa reage negativamente à possibilidade de entrada de um “forasteiro” nessa família , por ela considerada tão completa e suficiente. Contudo, as surpresas, nem sempre agradáveis da vida, colocam em xeque esse tipo de certeza e Lisa, será mais uma a perceber que essas redes familiares nunca se fecham, pois são dinâmicas, como é dinâmica a vida!
Adorei! Alguém quer me adotar? Hehe. Bj
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Lindo texto!!!!!!
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