Por Ana Lucia Gondim Bastos
Mais um filme sobre a possibilidade de pedir os óculos emprestados alheios para enxergar o mundo com outras cores, de um outro jeito. Mais um filme sobre encontros transformadores, escapadas para o mundo de outrem que te fazem, na volta, olhar pro seu mundo de outra forma. Mais um filme delicado, cuidadoso, com uma trilha sonora primorosa e um elenco maravilhoso! Mais um filme, então, a ser colocado na lista para não se perder a oportunidade de assistir!
Eva (Clotilde Hesme) é uma mulher adulta, rica e linda. Mora só, num apartamento super bacana e parece estar a passeio, na vida. Num dia, como qualquer outro, encontra León, um menino de onze anos que acabara de escapar de um orfanato para procurar a mãe em Paris. Esse encontro transformará as vidas – assim como, as possibilidades de olhar para elas – de ambos. León observa os hábitos de Eva e de sua família e faz perguntas que promovem reflexão e movimento: Por que Eva troca de óculos o tempo todo? Por que o pai de Eva arranca, cuidadosamente, páginas de livros?, entre tantos outros porquês. Eva, por outro lado, suspende alguns porquês de León e dança “fora de hora”, faz dobraduras de borboletas sem motivos nobres e oportuniza experiências nunca dantes sonhadas. O pai de Eva (personagem do incrível Peter Coyote), corta só as páginas que trazem as partes que gosta, dos livros. Eva troca de óculos para mudar as possibilidades de enxergar o mundo e León busca entendimento das relações e dos porquês das separações. Eva e León trocam explicações e experiências, enquanto trocam, também, muito afeto e dão muitas risadas. Mais uma história de adoção, uma boa história de adoção e… saudade!