Filme – Mistress América

Por Ana Lucia Gondim Bastos

Mistress América (2015) é mais um resultado da parceria do diretor Noah Baumbach e da atriz, que também assina a co-autoria do roteiro, Greta Gerwig. Depois de “Francis Ha” (2013), a dupla foi ainda mais fundo na discussão acerca da busca de caminhos para realização pessoal – e para saber o que isso significa – no mundo acelerado e imediatista, das infinitas possibilidades cosmopolitas. Tracy (Lola Kirke) é caloura de uma universidade nova-iorquina e se sente constantemente deslocada na grande festa, que é o cotidiano da cidade. Faz tentativas fracassadas de entrar numa associação de estudantes escritores, onde, quem sabe, encontraria um contorno identitário, uma forma de agir, de se vestir, um assunto em comum, algo que pudesse oferecer um conforto de pertencimento, naquele lugar que se abre numa profusão de modelos do que almejar ou de formas para se viver. Num dia de particular desânimo quanto à possibilidade de encontrar seu lugar naquilo tudo, Tracy resolve acionar o contato, sugerido por sua mãe, da, até então desconhecida, filha de seu futuro padrasto. Brooke (Greta Gerwig), uma mulher de quase 30 anos, parece muito à vontade com o ritmo e com as exigências de uma vida conectada com tantas outras via redes sociais. Fascinada com aquela mulher que parece acolher ,com facilidade, as demandas da vida numa megalópole e que fala de seus dramas, sonhos e decepções sem muita angústia ou pesar, como se não tivesse tempo a perder com essas coisas, Tracy passa a ter  Brooke como referencia e inspiração. “Se não te aceitaram na Associação literária, monte sua própria Associação”, aconselha Brooke, enquanto conta de seu projeto de um restaurante que seria um lugar onde as pessoas se sentissem voltando para casa e que, também, funcionaria como cabeleireiro e centro cultural, tudo num mesmo espaço. Na procura por investidores para esse seu projeto, Brooke reencontra Mamie-Claire (Heather Lind), ex colega de quarto a quem atribui uma dívida de vida, já que Mamie ficou rica tocando alguns dos projetos abandonados por Brooke: casou-se com seu ex noivo (papel de Michael Chenus) e levou a frente um empreendimento cuja a ideia fora dela. Esse reencontro se dá em companhia de Tracy e dois colegas de faculdade (todos na faixa dos 18 anos, recém ingressos na faculdade): Tony (Mathew Shear) e sua possessiva e insegura namorada Nicolette (Jasmine Cephas Jones). Com diálogos rápidos e inteligentes, essa turma de jovens adultos, nos leva a boas reflexões sobre a dor e a delícia de vivermos num contexto de múltiplas conexões e possibilidade de ser e fazer.

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