Documentário/Olimpíadas – A Praia em Atlanta

Por Ana Lucia Gondim Bastos

Em 1996, o vôlei de praia passou a ser esporte olímpico. No mesmo ano, duas duplas de brasileiras dividiram o pódio. Foram ouro e prata do novo esporte olímpico: Jackie e Sandra, Mônica e Adriana. Quatro mulheres que acreditaram que lugar da mulher era onde ela quisesse, que a descontração da praia não estava necessariamente relacionada a distração descompromissada e, ainda, que podiam fazer do esporte opção de profissão a ser respeitada, também para mulheres, no Brasil. Quatro diferentes trajetórias de vida que, naquela final de campeonato, se encontraram para dar esse recado ao mundo e para encher de orgulho e de esperança os corações daqueles(as) brasileiro(as) que sonhavam com um futuro no qual a equidade de gênero fosse uma experiência cotidiana.

Às vésperas do Brasil ser sede das Olimpíadas de 2016, vinte anos mais tarde dessa história que foi, também, a história das primeiras medalhas de ouro conquistadas por mulheres brasileiras em Olimpíadas, duas jovens diretoras de cinema – Gabriela Brigagão e Roberta Bonoldi – pesquisaram arquivos, resgataram imagens e entrevistaram as quatro jogadoras que, com certeza, fazem parte dos registros de memória da infância delas, que, provavelmente, eram menininhas em 1996. O resultado do encontro de tantas mulheres que seguiram sonhos e apostaram na mudança que o empoderamento feminino poderia ocasionar (seja nos sets de filmagem, seja nas quadras de areia) não podia ser melhor. Adriana, Mônica, Jackie e Sandra oferecem ao documentário “A Praia em Atlanta” (exibido pela ESPN) relatos, emocionados e emocionantes, do caminho que as levou às medalhas olímpicas e dos sentidos atribuídos por cada uma, às medalhas e ao caminho. Relatos que nos fazem refletir para além das questões históricas do esporte competitivo no Brasil. Inevitavelmente, assistindo ao documentário, paramos para pensar sobre como lidamos com as metas que estabelecemos em nossas vidas, sobre os caminhos que “topamos” trilhar para alcança-las ou sobre os preços que pagamos para chegarmos ao ouro ou à prata. Por vezes, terminado um jogo que não vencemos, temos dificuldade de perceber que somos, sim, vencedores e que teremos um lugar privilegiado de reconhecimento, no pódio. Do mesmo modo, existe a dificuldade de se perceber que o estar no ponto mais alto do pódio, não significa, necessariamente, que perdas não aconteceram e que duras escolhas não foram feitas, para se conquistar aquele lugar. Parabéns Jackie e Sandra pelo ouro conquistado, parabéns Adriana e Mônica pela prata conquistada, parabéns para as quatro pelo abraço apertado envolvido pela bandeira do Brasil, em 1996 e pelas trajetórias, honestas à maneira de ser de cada uma. Boa sorte, Ágatha e Barbara! Boa sorte, Larissa e Talita! Agora o bastão está com vocês, nossas novas duplas femininas de vôlei de praia. Boa sorte, Gabi e Roberta, o primeiro documentário ficou ótimo! Que venha uma nova geração cheia de entusiasmo, alegria e talento para continuar uma história de abertura de espaços para as mulheres, em todos os setores da sociedade. Quem sabe o nosso sonho da equidade de gênero esteja mais perto, de verdade?!

braauag

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