Livro – Com que Roupa Irei para a Festa do Rei?

Por Ana Lucia Gondim Bastos

A sensação de adequação aos grupos dos quais fazemos parte é, sem dúvida, bastante confortável. Mais que isso, essa percepção de adequação ou, em outras palavras, de caber nos contornos oferecidos pelo grupo (família, escola etc.) é fundamental  para  o bem estar consigo próprio e o, consequente,  estabelecimento de uma auto estima mais elevada. Em algumas fases da vida, isso ganha  especial importância , noutras, a possibilidade de questionamento dos contornos oferecidos, faz com que o  incomodo da desadaptação seja até bem vindo, mas, sempre, e apenas, numa certa medida, depois da qual o desconforto pode chegar a níveis de sofrimento intenso. Não é difícil supor que, quanto mais rígidos e estreitos tais contornos se configurem, menores as possibilidades de questionamento, maiores as chances de sentimento de desadequação e, consequentemente, maior o sofrimento de quem não cabe naquele formato. Esse tema é constantemente trabalhado nas diversas obras de literatura infanto-juvenil, do escritor cearense Tino Freitas. Para falar só dos livros que conheço, em 2009, com ilustrações de Mariana Massarani, publicou “Cadê o Juízo do Menino”  e “Controle Remoto”, as duas obras pela editora Manati.  Em 2015, pelas edições Janeiro, publicou “Uniforme”, a história de Clóvis “que nasceu pelado e livre, como todo camaleão” (esse ilustrado por Renato Moriconi). Antes disso, no ano de 2014, saiu do forno “Kurikalá e as Torres de Pedra”, com ilustração de Lucia Brandão, nele conta a história de um indiozinho Karajá que é mestre no equilíbrio das pedras que encontra pelo caminho, e fala de como esse equilíbrio pode ser ameaçado em alguns encontros inter culturais desrespeitosos .

Agora, chegou a vez de “Com que Roupa Irei Para a Festa do Rei?” (2017), ilustrado por Ionit Zilberman e publicado pela Editora Brasil. Diferentemente dos personagens buscando lugar, e formas de expressão, para suas particularidades, nesse novo livro, os personagens estão mais livres para criar desde o início da história. Em comum com todos os outros, a vontade de Tino de mostrar como pode ser mais divertido e saudável  dar espaço para as diferenças e criatividade de cada um. “Em Com que Roupa…”, o rei da bicharada não exige rígida adequação de trajes para festa, sequer pede roupa de gala, ao contrário, convida a todos para uma festa à fantasia e lança o desafio de que descubram do que irá fantasiado. Com apenas uma dica e a promessa de prêmio em livros, os bichos botam a imaginação, e o alfaiate local, para trabalhar. Num ritmo leve e divertido, Tino vai contando as ideias originais e criativas que cada bicho vai tendo, até chegarem na surpreendente escolha de fantasia, feita pelo rei para curtir a festa. Vale a leitura desse e de todos os outros!

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