Filme – A Troca

Por Ana Lucia Gondim Bastos

O filme de Clint Eastwood (2008), A Troca, traz um elenco de peso (Angelina Jolie, John Malkovich e Jeffrey Donovan) e temas, assustadoramente e preocupantemente, atuais, tendo em vista ter sido baseado em fatos reais da Los Angeles de 1920. No nosso momento histórico, tempos nos quais  primeiras damas se orgulharem de serem descritas como “belas esposas, recatadas e do lar”, que uma onda conservadora assola o país e o Ministério da Saúde libera compra de aparelhos de eletrochoque para cuidar da saúde mental, em pleno ano de 2019, precisamos nos debruçar em filmes passados em 1920. Christine Collins (Angelina Jolie, como protagonista do filme), é uma das mulheres que ocupam cargo de chefia nas empresas de telecomunicações, da época. Uma mulher que cria o filho sozinha, já que o pai se deu o direito de preferir não ter essa responsabilidade na vida, e precisa deixa-lo sozinho em alguns momentos, por conta dessa realidade. Um dia chega em casa e o menino desaparecera, sem deixar rastros. O trabalho, já bastante questionado, da polícia local, fica em evidência nesse caso, que o resolve trazendo uma criança qualquer para resolução do problema posto. Christine tem certeza que aquele não é seu filho. Quando começa a lutar para que achem seu verdadeiro filho, tem sua sanidade mental questionada e passa a ser tratada como a louca que não consegue receber a responsabilidade, que é ter o filho de volta. A partir daí o show de horrores, eletrochoques e deslegitimações de toda sorte, começa a se dar. Fica clara, no filme, a situação de vulnerabilidade das mulheres que não concordam com a lógica (ou com situações por ela promovidas) do patriarcado. O animador, no filme, é que estariam vivendo um momento de mudanças sociais, em 1920, através das quais parte da minoria política, como era o caso das mulheres, começavam a ganhar voz e voto. O desesperador, neste momento político, é vermos tantos ganhos iniciado nos anos 20, escorrendo pelo ralo. Contudo, a solidariedade e a possibilidade de percebermos que não somos poucos, a querer um mundo diferente, sem tanta desigualdade ou exclusão, é similar numa época e na outra. Enfim, único fio de esperança que conseguimos segurar. Ninguém pode soltar! É isso que Christine Collins e o reverendo Gustav Briegleb ( John Malkovich), nos ensinam. Vale à pena assistir e está no Netflix.

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